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Legado de Honra

Dr. Américo Fernandes Cardoso

Um Médico da Areosa

Quem de entre nós não ouviu falar, ou conheceu mesmo, o Dr. Cardoso da Areosa? Américo Fernandes Cardoso, nasceu a 13 de Janeiro de 1918 e faleceu a 16 de Janeiro de 2008 com 90 anos de idade.

Mesmo aqui ao nosso lado, viveu e trabalhou este homem, com um coração à dimensão do mundo. Um médico exemplar que consagrou a sua vida ao serviço dos doentes, aliviando dores do corpo e da alma, animando os tristes, não abandonando nunca os pobres, sempre disponível, sem cansaços nem más palavras, fazendo da sua vida de médico um autêntico sacerdócio, sempre numa contínua atitude de serviço e amor ao próximo.

A sua vida, toda ela vivida num serviço generoso, e a tempo inteiro, em favor dos mais desfavorecidos e doentes, fez da sua pessoa um autêntico discípulo de Cristo, desvivendo-se para que os irmãos, que ele socorreu diariamente, pudessem ter uma vida mais feliz.

Para o seu consultório, no nº 106 na Rua D. Afonso Henriques, na Areosa, se dirigiram gerações inteiras (avós, pais, netos e bisnetos) em busca de remédio para os seus males, com certeza não só do corpo mas também da alma.

Nunca gostou de aparecer nos jornais, nem de ver o seu nome escrito nas placas toponímicas. Contudo, há vidas de tal forma vividas que não podem ficar escondidas na sombra. Devem ser conhecidas para que sejam exemplo, força, incentivo, vontade de ser melhor.

Nos tempos em que vivemos, em que a ânsia desmedida de lucro e o materialismo desenfreado aparecem como bandeiras a adejar ao vento das oportunidades; quando alguns médicos fazem greve, não respeitando a dignidade do ser humano que sofre, e que pode morrer, porque o médico não estava lá; quando se faz da profissão um comércio, então é urgente gritar bem alto que existiram médicos como o Dr. Cardoso da Areosa, que fizeram da profissão um sacerdócio e que eram capazes de arriscar a vida para ir ao encontro do pedido de socorro de quem chamava aflito do outro lado do telefone. Respeitava todo o homem como ser humano não olhando à posição nem aos sinais exteriores de riqueza, atendendo pobre ou rico, vendo nele o sofredor que necessitava da sua ajuda desinteressada.

O Dr. Américo Cardoso era simples, sensível e humano. Era o verdadeiro “Médico de Família” que lembrava o João Semana, personagem encantadora do romance de Júlio Dinis, As Pupilas do Senhor Reitor, e que tanta falta faz quando tudo se tornou especializado e fraccionado, quando na realidade somos um todo, que necessita uma avaliação global.

Um muito obrigado sincero pelo seu exemplo que foi como homem e como médico. Termino, apenas recordando uma frase que o Dr. Américo Cardoso tinha exposta no consultório e que ilustra a importância da Medicina na vida:

“A Medicina é e será sempre a primeira das ciências enquanto a vida for o primeiro dos bens”

In “Queiroz Velloso”


Não quero deixar de agradecer à D. Margarida Martins Alves pois parte deste texto foi elaborado com base em diversas homenagens feitas pelo Jornal “Pedras Vivas” ao meu avô.

Prof. Doutor João Cardoso Ferreira